quinta-feira, 3 de novembro de 2011

O Mito do guerreiro na contemporaneidade?

 O Mito do guerreiro na contemporaneidade?


       O  imaginário do homem proporcionou um desenvolvimento de agressividade, honra e heroísmo, como no mito do guerreiro/herói. A visão de mundo que foi construída para eles (por parte devido a esse mito) constitui-se de uma crença de superioridade de gênero sexista, que foi reforçada com a constituição do núcleo familiar. Neste aspecto foram adotadas para o masculino características de valentia, coragem, hierarquia, autoridade, horna. Não é à toa que vemos produções de homens tão violentos e rígidos, como Muammar al-Gaddafi.

       Houve um período (entre a Idade da Pedra e a Nova Era) em que homem significava ser caçador e xamã. O caçador era ágil e astuto para capturar sua presa. Utilizava de ferramentas, disfarces e de força. Era o provedor da carne. O papel de xamã era efetuado antes e após as caças, quando homens realizavam rituais para que a caça gerasse bons resultados. As mulheres, neste período, incumbiram-se da colheita, dominando os mistérios do cultivo. Graças à agricultura criada pela mulher, o cultivo de grãos pode manter grupos de pessoas em locais por tempo maior, possibilitando também a pecuária e domesticação de animais. Assim, a fertilidade tornou-se tão importante a ponto de se transformar em Deusa, devido a valorização do feminino em nível materno, pois filhos eram uma peça-chave para o desenvolvimento (o que gerou um aumento considerável da raça humana). Os homens, caçadores, eram então servos da maternidade e feminilidade. No entanto, com o tempo a terra tornava-se infértil e a necessidade de migrar para outras terras surgia. Mas existia um problema: a população havia aumentado, os territórios já estavam ocupados por diferentes tribos. Para obter estes, foi criada então a guerra. O caçador, com suas habilidades de matar tornou-se peça chave para a conquista territorial, surgindo o papel de guerreiro. As mulheres, como cuidavam do cultivo de plantas, não eram habilidosas com a luta corporal. A partir disto ocorreu uma inversão de valores: o masculino estava dominando, a Deusa estava sucumbindo aos Deuses homens que representavam o guerreiro. A masculinidade era então voltada para a guerra, onde o arquétipo de herói nascia. Os meninos eram ensinados a serem destemidos, lutadores, agressivos. Eles eram preferíveis por seus progenitores pela simples questão da sobrevivência, pois eram os guerreiros que lutavam pelo território. Assim então surge o mito do guerreiro, papel inventado para o homem por questões adaptativas de divisões de tarefas.

        Me pergunto como ainda podem ser reproduzidos estes pensamentos sem a reflexão necessária. Será que é tão difícil observar estas características do guerreiro nos homens da atual sociedade? Acredito que se olharmos para a violência doméstica, política e econômica conseguiremos enxergar aqueles lutadores de um período já finalizado.


 Alienados, uni-vos!
 




Autor: Gustavo Affonso Gomes
Estudante de graduação em Psicologia - PUCRS
gagomes89@gmail.com

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