Cada vez mais a sociedade brasileira é alienada. Ouve-se frases como “Eu não gosto de política!” e “Políticos são todos corruptos!”. Você não gosta de participar ativamente da sociedade? Você quer que outros tomem por você uma decisão que influenciará ou direta ou indiretamente sua vida e de outros? Nós que elegemos esse político, tanto quando votamos nele quanto nos isentamos desse voto! Nós que ficamos parados olhando as pessoas desrespeitarem as leis! Nós mesmos desrespeitamos certas regras “ah, vou estacionar aqui rapidinho!” – E por você estacionar ali “rapidinho”, uma pessoa ficou impedida de passar e teve seu bebê prematuro morto! Que hipocrisia é essa? As pessoas não percebem que ao mesmo tempo que reclamam, elas cometem os mesmos erros! Onde está a reflexão diante dos atos cotidianos e suas implicações? Ok, existem muitos fatores que nos levam a ser assim e nos mantêm em um cativeiro alienante, gerando um ciclo vicioso. É necessário antes uma singularização que cause alteridade¹ para que, quem sabe, alguém se torne consciente e aplique seus conhcimentos à sociedade.
Pois bem! Onde foi parar a crítica social? Quando nos tornamos simplesmente seguidores da massa que aceitam tudo o que o governo dita, cujo benefício nem sempre é repassado ao cidadão? Passaram-se quase 20 anos para que houvesse manifestações de Caras Pintadas novamente! O que aconteceu durante esse tempo? Antes as pessoas estudavam Sociologia e Cidadania na escola. Com a ditadura, não se podia de forma alguma pensar diferente do governo. Essa falta de liberdade se reflete hoje, quando vemos jovens fazendo atrocidades e seguindo as massas em seus discursos alienantes.
Pois bem! Onde foi parar a crítica social? Quando nos tornamos simplesmente seguidores da massa que aceitam tudo o que o governo dita, cujo benefício nem sempre é repassado ao cidadão? Passaram-se quase 20 anos para que houvesse manifestações de Caras Pintadas novamente! O que aconteceu durante esse tempo? Antes as pessoas estudavam Sociologia e Cidadania na escola. Com a ditadura, não se podia de forma alguma pensar diferente do governo. Essa falta de liberdade se reflete hoje, quando vemos jovens fazendo atrocidades e seguindo as massas em seus discursos alienantes.
Um exemplo dessa reprodução cega é a menina que foi agredida física e verbalmente na escola por ser negra (http://g1.globo.com/parana/noticia/2011/10/policia-apura-queixa-de-aluna-do-pr-que-diz-ter-sido-agredida-por-ser-negra.html). Como essa sociedade vê o ser humano? Aliás, eles percebem que essa menina é um ser humano? Um ser humano como qualquer outro. Às vezes, cabe a escola educar e mostrar outras realidades, outras visões que não a da família. Afinal a educação não é só para o vestibular, mas para a vida (ou assim deveria ser). Quem é que escolhe o que nós devemos aprender afinal?! Como alguém vai saber o que é mais ou menos importante para a sobrevivência? Essa sobrevivência que é ensinada hoje é voltada ao mercado de trabalho, mas e a vida? Quem aprende a cozinhar, lavar, passar, se auto-conhecer, se relacionar com outros ou mesmo a lidar com um luto?
O próprio ensino bancário, onde o professor dita e o aluno escreve sem questionar, acaba por ser alienante. Quando não se dá espaço e nem se incentiva aos estudantes que pensem, questionem e critiquem só estamos criando robôs! O diferencial do ser humano é a razão, mas de que adianta se ela não é usada?
Falando mais de uma visão pessoal, o que me inspirou a falar sobre o assunto foi justamente a reimplementação da matéria de Sociologia no colégio em que eu estudava, em 2009. A proposta era para todos os anos do Ensino Médio. Hoje eu enxergo como nós, estudantes de ensino médio, éramos e provavelmente ainda somos muito alienados. Aquele era o nosso mundo, mas e o que acontece lá fora? Nós vimos em um ano a relatividade da ignorância, a construção social do Brasil, para que entendêssemos como se formou esse país multiétnico e sua composição identitária e a influência do capitalismo nisso. Naquela época foram poucos os que realmente absorveram essas reflexões. Muitos apenas estudavam para passar na prova sem nem mesmo compreender o que os autores dos textos diziam. Simplesmente reproduziam, faziam o que lhe era esperado. Eu admiro a professora que ao menos tentou nos mostrar uma outra forma de ver a sociedade.
¹ - É um tipo de relação com um objeto ou entre pessoas que a(s) faça sentir um desconforto e que gere conseqüente mudança de comportamento. Exemplo: Martina está andando pela rua quando vê uma pessoa comendo lixo. Ela se choca. Sente-se desconfortável. Quer evitar aquela cena. Mesmo algumas quadras depois, continua a pensar no que viu. Alguns dias depois, nota que mudou a forma como via alguns aspectos de seu cotidiano, como o valor à comida.
Alienados, uni-vos!
Autora: Madalena Dornelles Pereira Leite
Estudante de graduação em Psicologia - PUCRS
Bolsista de Iniciação Científica - FAPERGS
Bolsista de Iniciação Científica - FAPERGS
madalena.leite@acad.pucrs.br