sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Alienação: de pai para filho

Alienação: de pai para filho

    Estudos dizem que, quando brincam, as crianças estão reproduzindo suas vivências do cotidiano através da fantasia, por isso é de conhecimento que o brincar é essencial para as crianças em seu desenvolvimento.

        Mas e quando a brincadeira é usada para “assunto de gente grande”? Eu me refiro à brinquedos que reproduzem a disciplina militar, mais especificamente. Neste aspecto o brincar torna-se, então, coisa séria.

        A sociedade, pelo que percebo, deixa de racionalizar diversos assuntos vistos como banais devido sua incorporação milenar. A inserção de brinquedos bélicos como atividade lúdica para crianças não poderia ser vista de outra forma por mim. É o potencial de conscientização social que nós temos sendo dominado pela alienação que os conscientes manejam.

        A partir desta reflexão, deixo aqui um texto criado por mim há alguns anos, em meu período escolar, tendo feito poucas modificações para a postagem. Devo ressaltar que no curto tempo em que eu curso Psicologia continuei conivente com o argumentado (em maioria) anterior à minha iniciação ao meio acadêmico. Compartilho com vocês uma simples redação, na tentativa de que repensem o banalizado.


        A venda de brinquedos violentos é algo que existe há muito tempo, fazendo-se presente no mundo. Porém, o que a maioria não sabe é que não se trata apenas de uma diversão para os futuros homens, mas sim de uma educação militar, além de sexista. A sociedade de conhecimento cego não enxerga os massivos danos à criança, que irão revelar-se na adolescência. Acreditam que estão apenas instruindo seus pupilos para interesses de uma infância “saudável”, quando, na verdade, estão criando futuros degenerados.

        Todavia, o militarismo percebido nesta educação não é algo por acaso. Está presente intencionalmente. Afinal, quem faria guerra se esta não estivesse latente na sua personalidade? Ninguém, claro. Para gerar combates e conflitos, é preciso formar pessoas dispostas a isso. Briquedos bélicos nada mais são do que uma jogada manipuladora para transformar crianças em guerreiros. Mas por estar há tanto tempo presente na sociedade, nem ao menos percebemos tais intenções.

        Existe também a questão de gênero, imposta pela sociedade. Muitos pais acabam por pensar que seus filhos não se tornarão homens, caso deixem a natureza agressiva de lado. Uma besteira induzida pela normativa sexista, de fato. A infância, período importante na construção da personalidade, portanto, deve ser preservada, alimentada por posturas e pensamentos equilibrados. Entre criar um filho homem e um machista se encontra um penhasco de magnitude enorme. Mas, infelizmente, há pessoas que não vêem isso e que seguem munindo suas crianças de armas de brinquedos.

        Possivelmente, esta é uma cultura que não irá ser mudada. Apesar dos males para as novas gerações, a agressividade é vista como algo necessário a fim de se criar cidadãos fortes e corajosos, os quais estão dispostos a enfrentar o “mal”. Porém, o que não se percebe é que esta mesma geração que combate o “mal” também o cria. Como disse Freud, em A Desilusão da Guerra, os verdadeiros bárbaros (e por isso hipócritas) podem ser encontrados nas cidades de pedra. Me refiro claro, à manipulação, afinal para Freud é intrínseco da raça humana a guerra, porém a forma de como tal  é construída não.
 Um mal necessário? - Gustavo Gomes

 



        Fiquem à vontade para criticar, aliás, faço questão que critiquem. Pois, acredito eu, não há melhor maneira de exercitar a consciência social do que senão com a reflexão e crítica do comum.

 Alienados, uni-vos!

 




Autor: Gustavo Affonso Gomes
Estudante de graduação em Psicologia - PUCRS
gagomes89@gmail.com