sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Individualismo: até quando?

Individualismo: até quando?

O individualismo está cada vez mais instaurado nas relações sociais atuais. Vemos pessoas passando apressadas para seus trabalhos, para seus estudos, enfim, para seus compromissos que se acumulam pelo fato do dia não ter mais que 24 horas.

Filme: Ensaio sobre a Cegueira

            Acreditamos que com isso, as pessoas passam a não ter mais tempo para o outro, tempo para sentir o outro, olhar para o outro, perceber o outro. Nós nos acumulamos de tarefas para ter um futuro “melhor”, mas e o presente? Enquanto estamos trabalhando para ganhar dinheiro, deixamos de viver. Buscamos apenas o valor material para nós mesmo e esquecemos que a vida é mais do que adquirir bens. Somente acumulamos dinheiro para depois gastá-lo durante uma doença. Estamos cegos diante ao outro e diante a vida.

Até os dias passam apressados ultimamente, e quando dezembro chega, vem junto a melancolia de não ter feito nem a metade do que pretendia. Paradoxal não é mesmo?

Com o auxilio da internet falamos com pessoas do mundo inteiro. Mas será que falamos mesmo? Muitas conversas são do tipo “Oi, tudo bem?” A pessoa do outro lado, completamente triste por uma série de razões diz: “Tudo!”. Isso acontece por diversos motivos: a sociedade exige que sejamos seres perfeitos (meta inatingível) com discursos de felicidade e saúde absolutos; pelo próprio não querer “incomodar” o outro; pelo não querer se expor e mostrar ao outro quem realmente é; entre outros. Relações supérfluas, vazias de sentimentos na mesma proporção que atingimos o qüingentésimo amigo em um site de relacionamentos.

O ser humano é construído a partir de relações. Que ser humano é esse que faz de tudo para ficar só e ter tudo para si? Que ser humano egoísta é esse que não percebe que com esse tipo de atitude só torna o mundo pior? Quando o Eu não se relaciona, o corpo adoece fisicamente. Aí está uma das causas do aumento das patologias do vazio, da quantidade infindáveis de câncer, das doenças cardíacas cada vez mais freqüentes... O individualismo não é uma questão só de não olhar para o outro, mas de não olhar para si mesmo. O ser humano é um ser de comunicação. Além disso, as pessoas não percebem que tudo o que fazem em relação à sociedade reflete nelas mesmas, e o contrário também é verdadeiro. Até que ponto elas/nós percebem/os isso? Dizer para ter uma visão crítica é fácil, difícil é querer olhar a realidade e abandonar certas ilusões e conformismos.

Qual perspectiva de futuro teremos? O individualismo vai mesmo sobrepor o coletivo? Até quando teremos essa visão fragmentada? O que terá de acontecer para que percebamos que tudo está interligado?


Alienados, uni-vos!
 






Autoras: Madalena Dornelles Pereira Leite
Estudante de graduação em Psicologia - PUCRS
Bolsista de Iniciação Científica - FAPERGS
madalena.leite@acad.pucrs.br
Simone Vargas
Estudante de graduação em Psicologia - PUCRS
simone.avila@acad.pucrs.br

Um comentário:

  1. Primeiramente, concordo muito com os assuntos desenvolvidos no texto, bem como a forma como foi abordado, esta muito bom.
    Concordo que quanto mais tentamos buscar um futuro próspero e digno, que muitas vezes nos é imposto a buscar de tal forma, mais nos afastamos uns dos outros.Vivemos em um país que fala em democracia e nos impulsiona a meritocracia;Ficamos entre esses dois pontos e os nossos obetivos.Cada vez mais confusos, atrás de telas de notebooks e ipads, buscando algo que no final das contas terá como principal objetivo nos aproximar, mas que em contra partida nos afasta cada vez mais.

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